segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Refúgio



O vento era gélido, nada gentil. Expulsava-nos da rua. Acortinava as nuvens para esconder a lua. Nuvens que enfureciam-se em úmidas reações químicas. Tristeza líquida. A sensibilidade das cartilagens se perdiam, os músculos involuntariamente se contraiam. Vã tentativa de esquentar o corpo. Calor algum havia naquela noite... além daquelas mãos de lã, aquela boca macia como o fogo, que proferia palavras-lenha, que me abençoava com beijos-brasa, que movia-se em gestos-senha, que me acolhia em amor-casa. Levou-me mais uma vez para longe, no mesmo lugar. Fez deitar meu corpo e dormir minha tristeza. Esqueci o tempo, descobri minha riqueza. Ela. Meu refúgio. A cor mais viva no espectro da minha semana. *Ela me fez gostar de domingo!

*Parafraseando Tamyris de Freitas.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Dia Fechado


Um dia quase noite
Movimento pelo açoite
Atarefado em sobrecarga
Dos "momentos-vida" me embarga

Sinto-me obrigado
A construir-me no quadrado
Aguentar, desejar, planejar
Até que tenha meu círculo para rodar

De onde estou lembro
Do bem que plantou aqui dentro
E o crepúsculo se torna nascer

Quando sinto tua boca macia
Quando a sua alma me acaricia
Lembro-me o que é viver!

*Rainy Days

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Onírica[mente]



É de certa forma interessante como as constantes formas condicionadoras de pensamento causam em mim um efeito reverso, adverso, impulsionador do mergulho no meu prórpio universo. Estranhamente frequente, as bordas esbranquiçadas contornam a minha visão, a abstração, a dis[tração] da mente. Sei que as mentes carregadas com gorduchos cartuchos de teorias pré-fábricas atirariam em mim o rótulo do desejo de fuga, covardia diante do [i]mundo ou qualquer outra classificação que me encaixasse em um arquivo de estudos acadêmicos. Contudo, essa viagem através de si próprio exigem uma dose de coragem suficente para encarar a surpreendente verdade - nunca tarde - sobre você mesmo. Mesmo a esmo, é possível visualizar alguns pixels que formam a sua figura e com a uma certa habilidade, até editá-la, apagá-la e refazê-la. Aumenta cada vez mais a minha vontade de explorar-me nessa astrônomia de mim. Porque da mesma forma que o estudo de Gaia permite melhor compreensão do Cosmos, o planeta interno amplia a visão do externo, possibilita o entendimento do coportamento dos corpos - vivos ou mortos - no espaço e compreender que suas atmosferas podem refratar os feixes de luz. É possível descobrir que algumas estrelas que para nós parecem brilhar como protagonistas de uma bela noite, já estão mortas há muito tempo. E que buracos negros talvez tenham muito mais respostas que o resto - as vezes não tão honesto - universo. Logo, o lugar onde vivemos se revela essencialmente desenhado com infinitas possibilidades - ilusões ou verdades. Assim, não consigo deixar de ser o adverso, a inconstância, amigo próximo da insânia, surreal, rasgador de ilusórias cortinas, criador de oníricas pinturas.

"Vivemos em uma época perigosa — o homem domina a natureza antes que tenha aprendido a dominar a si mesmo", Albert Schweitzer.

"Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas". Sun Tzu.

"Tudo o que vemos esconde outra coisa, e nós queremos sempre ver o que está escondido pelo que vemos", Magritte.

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Constantemente inconstante


Movido por um icógnito impulso pulsando na direção do desconhecido, conheço cada vez mais a natureza mutável da nossa espécie. Inquietude, não sei se virtude ou defeito, povoa os caminhos elétricos da minha estrutura encefálica... falha, porém sonhadora da irreal possibilidade de alcançar o potencial máximo de toda estrutura que me forma como um ser dentro desse universo ou de qualquer outro que porventura fuja ao nosso conhecimento, mas que eu também faça parte. Mesmo sem saber a origem do conjunto de informações que batizamos de pensamento, mesmo sem saber como e de onde vêm, recebo-os com gratidão e deixo que irriguem minha vida da mesma forma que os antigos recebiam as chuvas dos céus e manifestavam-se em agradecimento ao Ser superior que das alturas nos assiste. Ora garoas que umidecem minha mente com a serenidade, ora furacões que estraçalham a vidraça de idéias frágeis e arrancam os alicerces de outras que não eram fortes o suficiente para permanecerem em pé. Tal fenômeno exige mudança, impõe desconstrução, construção se torna nescessária e o novo surge. Assim, pensamentos vêm e vão, umidecem, estraçalham, desconstroem e se encaixam para formar o gene de uma inconstância constante, base do DNA da evolução. Se o máximo é inatingível, se nem mesmo sabemos enxergar a linha que limita o almejado, então que ao menos cheguemos o mais próximo possível do tal. Morra e nasça novamente, estraçalhe-se e construa-se outra vez, deixe morrer o velho e observe o explendoroso nascimento do novo. "É de um império em ruínas que surge outro bem mais forte", Parteum.


"Não somos o que deveríamos ser; não somos o que queríamos ser; não somos o que iremos ser; mas, graças a Deus, não somos o que éramos", Martin Luther King .

quinta-feira, 12 de julho de 2007

ANAmnesis


Interessante, o que uma conversa com uma determinada compania pode causar no que chamamos de pessoa. Poucos dias atrás, através desses meios virtuais, este sonhador estava conversando com alguém cujo carinho permite-me chamar de Aninha. A saudade foi a raíz sob a qual a conversa se desenvolveu nutrida pelas lembranças das vezes em que trocamos palavras, pensamentos, da sua comapania no palco e do seu sorriso. Tal viagem às minhas memórias fez-me voltar os olhos para os nós dos laços entre pessoas. É curioso o modo como alguém fisicamente ausente pode ser presente na nossa vida e alguém fisicamente presente pode ser ausente. Esse estranho paradoxo é alimentado pela representatividade das memórias que você tem sobre a referida. Essas memórias variam de pessoa para pessoa, logo existem vários "EUs" espalhados em lobos temporais de diversos indivíduos. É como se existissem várias cópias de mim faltando inúmeros pedaços e com alguns detalhes distorcidos. Enquanto isso o verdadeiro e completo "EU" continua tão conhecido quanto as regiões inóspitas da Sibéria.

Esse fato conduz-me a observar que alguém só existe por estar na memória de outro ser humano. Uma pessoa, por mais que seja incrivelmente interessante, não existiria se ninguém a conhecesse. Seria como um livro que foi escrito pelas mãos mais habilidosas, pela mente mais criativa e pela alma mais profunda, porém nunca foi lido. Seria usado talvez como peso para manter portas abertas. Quantos livros interessantes estariam nesse momento servindo apenas como peso de porta? Exatamente por este motivo, penso que todos devemos procurar alguém próximo e comPARtilhar nossas idéias, nossos pensamentos, nossas loucuras, nossa "raison d'être". Há a onírica possibilidade de sermos um livro incrivelmente interessante e deixar de ser pesos de porta para sermos best sellers, passar da inexistência para a eternidade.

Contudo, existir não é o bastante! Existir na memória de outros faz-nos existir no universo humano mas talvez não nos dê vida no nosso próprio universo. Temos que fazer parte de ambas as esferas. Por isso pense, sinta, viva e comPARtilhe!

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Eu já voei um dia


Não poderia deixar de registrar nesses meio virtuais as impressões reais causadas pelo efeito Wazimu, tanto na parte espectadora quanto da trupe que tomou conta do palco por um quarto de hora. É difícil acreditar no resultado de uma obra construída aos moldes da teoria do caos, fruto do ápice de um óscio criativo na tarde de um feriado em conjunto com a energia de cada dançarino e de cada pessoa que compunha a platéia.

Para mim que estava no palco, foi como sentir-se em meio a um fluxo de energia em grande volume, recebendo-a de acordo com a minha sensibilidade para captá-la e transmitindo-a com toda a intensidade que meu corpo pôde traduzir! Foram quinze minutos de energia sonora, magnética, elétrica e espiritual sendo transformados em explosões de energia cinética! No palco eu fui a voz, fui a música, fui a energia, fui o corpo, o movimento, a dança, o pensamento, a expressão, a teoria, a ação e no final... a indagação! Incontrolável foi a reação de voltar ao palco para sentir um pouco mais daquela energia de todos. Supreendende foi a sensação de sentir essa energia acrescida da energia volumosa vinda de quem deixou as poltronas vermelhas para levantar, aplaudir e gritar! Como *chocolate* foi ouvir os comentários de quem foi testemunha ocular dessas tranformações de energia, tanto do empenho da trupe nessas tranformações como da mensagem que explora os mistérios mais profundos desse universo que chamamos de "humano".

Já ouvi muitos dizerem que desejam voar. Como disse Chorão, um dos meus parceiros nesse projeto:

- EU JÁ VOEI UM DIA!

Esse dia foi 30 de junho de 2007, MEMORÁVEL!

Um mundo em mim mesmo


"A vida humana não passa de um sonho. Mais de uma pessoa já pensou isso. Pois essa impressão também me acompanha por toda parte. Quando vejo os estreitos limites onde se acham encerradas as faculdades ativas e investigadoras do homem, e como todo o nosso labor visa apenas a satisfazer a nossas necessidades, as quais, por sua vez, não têm outro objetivo senão prolongar nossa mesquinha existência; quando verifico que nosso espírito só pode encontrar tranquilidade, quanto a certos pontos das nossas pesquisas, por meio de uma resignação povoada de sonhos, como um presidiário que adornasse de figuras multicoloridas e luminosas perspectivas as paredes da sua célula... tudo isso, Wilhelm, me faz emudecer. Concentro-me e encontro um mundo em mim mesmo! Mas, também aí, é um mundo de pressentimentos e desejos obscuros e não de imagens nítidas e forças vivas. Tudo flutua vagamente nos meus sentidos, e assim, sorrindo e sonhando, prossigo na minha viagem através do mundo" (Werther de Johann W. Goethe).

As vezes penso até onde realmente vai a capacidade da razão humana. Imagino realmente até onde vai a capacidade do nosso cérebro. Será que tudo que pensamos ser verdade incontestável para nós, também é uma verdade incontestável no universo? Nosso conhecimento sempre esbarra no conceito do "nada",no conceito do infinito, no conceito da existência. Isso não seria porque nosso cérebro não é capaz de compreender tais coisas? Ou porque seguimos uma linha de pensamento errada? Afinal, como disse Einstein, o tempo e o espaço são maneiras pelas quais pensamos e não as condições nas quais vivemos.

Penso que nosso cérebro produz várias realidades e alguns pedaços dessas realidades se convergem formando uma realidade maior. Porém nada é realmente real. É só um sonho! Quando sonhandos por muitos tornasse a realidade aceitado por todos. Mas cada um percebe a realidade à sua maneira. Acho que a única realidade percebida igualmente por todos é a da alma, sempre imutável durante o anos. E por isso poetas de tempos atrás ainda tocam pessoas nos dias de hoje e as teorias passadas são na maioria velhas e ultrapassadas.

O que é real o que não é?!