O vento era gélido, nada gentil. Expulsava-nos da rua. Acortinava as nuvens para esconder a lua. Nuvens que enfureciam-se em úmidas reações químicas. Tristeza líquida. A sensibilidade das cartilagens se perdiam, os músculos involuntariamente se contraiam. Vã tentativa de esquentar o corpo. Calor algum havia naquela noite... além daquelas mãos de lã, aquela boca macia como o fogo, que proferia palavras-lenha, que me abençoava com beijos-brasa, que movia-se em gestos-senha, que me acolhia em amor-casa. Levou-me mais uma vez para longe, no mesmo lugar. Fez deitar meu corpo e dormir minha tristeza. Esqueci o tempo, descobri minha riqueza. Ela. Meu refúgio. A cor mais viva no espectro da minha semana. *Ela me fez gostar de domingo!
*Parafraseando Tamyris de Freitas.
*Parafraseando Tamyris de Freitas.